Os habitantes deste pequeno burgo, personificados em MANUEL FRANCISCO FIGUEIRA e seus descendentes, cultivavam e habitavam nas quintas do Seixo, alargando depois o aglomerado habitacional até às terras férteis do Seixo de Além.
Neste ninho humano de pássaros sem asas, de pés sem botas, de mãos sem luvas, cercados de pinhais, sem um palmo de asfalto que os levasse a Mira ou a Vagos, ( pois não havia a E. N. 109), restava apenas aos homens, lavrar e cavar as terras, ou esfolar o ombro a dar à vara e caminhar de pé nu sobre a fria geada do bordo do barco moliceiro, desde o cais do Areão até à Torreira quando o vento não era favorável. As mulheres, essas, cavavam também e estonavam aos homens, cuidavam da casa e do rancho de filhos.
A escola era só para os rapazes; as meninas aprendiam depois a ler e escrever com os irmãos. A escola era em Mira onde os alunos iam a pé. Mais tarde, foi criada uma escola, só para rapazes, em casa emprestada, sendo seu primeiro Mestre, à falta de melhor informação, o Sr. Prof. Ramos, natural de Ílhavo. Foram, penso que seus últimos alunos, Afonso Catarino, Naia Sardo, Miranda Catarino, Manuel e Amândio Oliveira, Manuel Camarinha e outros.
Este isolamento atrás referido faz nascer na alma deste povo a ideia de o minimizar com uma capela para os congregar à volta do altar, de um cemitério para os mortos sepultar e de um entretenimento, como agora se diz, para as noites de Inverno ajudar a passar.
Os dados estavam lançados. O que estava na dependência do poder religioso e político teria os seus custos mas demoraria o seu tempo, como se sabe. Resta-nos então o entretenimento que necessitava somente da força, garra, entusiasmo, dinamismo e vontade de todos aqueles que cultivando-se cultivavam, aprendendo ensinavam, divertindo-se divertiam e representando atraíam à frente de um palco quase todos os habitantes do pequeno burgo que é hoje o Seixo de Mira.